Sines, complexo industrial e porto atlântico. Os contornos dos grandes navios no horizonte já se tornaram uma imagem familiar. Mas por entre estes gigantes resistem homens e mulheres que representam a pesca tradicional e resiliência de uma atividade que teima em resistir à passagem do tempo. Entre tradição e inovação, a pesca continua a ser em Sines uma força viva.
Durante um ano, a equipa de “Mar de Sines” percorreu esta costa e conviveu diretamente com as suas comunidades costeiras, registando a forma como estas vivem com o mar e os seus recursos.
O mar é o ponto de atração para onde todos os protagonistas convergem. Este mar é simultaneamente o adversário a enfrentar e a figura parental que dá o sustento.
O filme parte à procura das estratégias que estas comunidades adotaram para viver de um meio inacessível e inóspito. Desde uma simples jangada de canas, passando pelos mariscadores e pelas artes mais complexas, como a rede de tresmalho e o cerco, descobrimos a importância dos gestos, das sonoridades e dos artefactos que hoje se encontram no limiar da existência, como a zinga, o chui, o ribileva, os alcatruzes de barro ou os caixotes de aparelho.
Partindo da memória colectiva, narrada na primeira pessoa, num processo de cinema com a comunidade, são retratadas três gerações que fizeram da pesca a sua vida.
2020
PT
Diogo Vilhena